sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Raposa cinzenta do litoral

Nome popular: Raposa cinzenta do litoral, raposa da costa, raposa de rabo pequeno, raposa da califórnia, raposa cinzenta insular.

Nome científico: Urocyon littoralis.

Distribuição geográfica: É encontrada apenas nas seis maiores ilhas (São Miguel, São Nicolas, Santa Cruz, São Clemente, Santa Catalina e Santa Rosa) do grupo chamado Ilhas Anglo-Normandas na costa Sul da Califórnia (E.U.A).

Habitat: A raposa cinzenta do litoral vive em todos os habitats existentes nas ilhas onde é encontrada: regiões montanhosas, pastos, pequenos arbustos da região litorânea, dunas de areia, florestas e pântanos.

Hábitos alimentares: É onívora, com uma dieta composta em sua maior parte por insetos e frutas, mas também come pequenos mamíferos, répteis, anfíbios, ovos e até mesmo lixo humano. As raposas podem ser vistas escavando ao longo da costa em busca de comida.

Tamanho: Da cabeça ao início da cauda mede de 48 a 50 cm e a cauda mede de 11 a 29 cm. É um animal bastante baixo. Do chão até a altura dos ombros possui de 12 a 14 cm. É a menor espécie de raposa que vive nos Estados Unidos.

Peso: O peso de um animal adulto varia de 1,3 a 2,8 Kg. Período de gestação
De 51 a 63 dias.

Número de filhotes: De 1 a 10, mas em média 4.

Características da reprodução: A raposa cinzenta do litoral atinge a maturidade sexual aos 10 meses de vida. A época de acasalamento varia de Janeiro a Abril, dependendo da latitude na qual vive.
Devido à igual proporção de animais de ambos os sexos, acredita-se que sejam monogâmicos.

A fêmea dá à luz em um esconderijo que pode ser uma toca abandonada por outro animal, buracos em troncos de árvores, uma formação rochosa, arbustos densos, cavernas pouco profundas e até mesmo estruturas construídas por humanos. Se um esconderijo adequado não puder ser encontrado, a fêmea irá escavar um.

Os filhotes nascem cegos e pesando apenas 100 gramas. Dependerão do leite materno de 7 a 9 semanas. Os dois pais ajudam na criação dos filhotes. Entre Maio e Junho, após serem desmamados, os filhotes saem do esconderijo com seus pais em busca de comida. Os filhotes permanecem com os pais durante o verão, mas tornam-se independentes em Setembro. Nesta época, as jovens raposas usualmente permanecem na área próxima ao esconderijo, enquanto os pais se dispersam.

Particularidades: A raposa cinzenta do litoral é muito parecida com a raposa cinzenta encontrada no continente (Urocyon cinereoargenteus). Tão parecida que durante muito tempo as duas foram consideradas da mesma espécie. Posteriormente foi classificada como uma espécie separada. Ela é menor do que sua irmã do continente, especialmente a cauda que apresenta duas vértebras a menos. É tão semelhante que parece ser uma versão anã da espécie continental.
É um animal dócil, brincalhão e curioso. Não teme os humanos, visto que não são perseguidas pelos residentes das ilhas. Podem apresentar um comportamento agressivo à aproximação de humanos, mas se foram capturadas tornam-se submissas.

Sua coloração varia do cinza ao marrom claro e vermelho. Na maior parte do corpo sua pelagem é cinza com manchas pretas e apresenta uma coloração mais amarelada nas laterais do corpo e branca ou creme no ventre e na cara. As laterais do focinho apresentam manchas negras. A ponta da cauda é preta e o restante é cinza com tonalidades avermelhadas nas laterais.

O território ocupado por uma raposa cinzenta do litoral, o qual é marcado por fezes e urina, varia de 0,8 a 1,6 km², sendo que a densidade populacional é bem mais alta do que a espécie do continente, variando entre 0,3 e 8 por km². São animais solitários na maior parte. O território dos machos muda com maior freqüência que o das fêmeas e normalmente abrange parte do território de sua parceira. Algumas vezes eles se encontram para cuidar um do outro.

Sua média de vida está entre 4 e 6 anos, mas alguns indivíduos chegam a viver em torno de 15 anos, um tempo considerado longo para uma raposa. Isto se deve principalmente ao fato de que a raposa cinzenta do litoral não foi exposta às doenças que atingem outras raposas, cães e mamíferos em geral. Leptospirose, raiva e outras doenças típicas dos canídeos não são encontradas nas ilhas. Entretanto, como não foram expostas a estas doenças, elas não possuem proteção natural contra elas. Para prevenir que elas sejam dizimadas por uma epidemia de uma destas doenças, não são permitidos cachorros nas ilhas.

Algumas das ameaças à raposa cinzenta do litoral são: destruição de seu habitat, competição por comida com gatos selvagens introduzidos por homens e a ameaça de doenças estrangeiras. A despeito disso, elas estão completamente protegidas nas seis ilhas. Duas das ilhas, Santa Rosa e São Miguel são protegidas pelo National Park Service e outras duas, São Nicolas e São Clemente são ocupadas pelo exército americano.

Seus principais predadores são as aves de rapina, principalmente as águias-douradas (Aquila chrysaetos), às quais tem sido atribuída a causa da queda de sua população em algumas das ilhas. As águias-douradas sempre viveram nas ilhas. Um número maior delas começou a migrar para atraídas pela população de porcos selvagens (introduzidos pelo homem) e se estabeleceram definitivamente em torno de 1995 quando a grande águia pescadora desapareceu da região devido a inseticidas (DDT), caça e coleta de ovos. Sua chegada na ilha de São Miguel coincide com o primeiro declínio da população da raposa cinzenta do litoral. Nesta época (por volta de 1995) haviam cerca de 450 raposas vivendo lá. Em 2000 esta população caiu para apenas 40. Em 1999 as águias-douradas também chegaram à ilha de Santa Cruz e a população de Raposas caiu das 2000 existentes em 1994 para apenas 60 em 2000.

Em 1999 o National Park Service junto com o The Nature Conservancy formaram um time de recuperação para verificar o problema do declínio da população. As seguintes recomendações foram feitas: 1) Construir santuários para proteger as raposas das águias; 2) Iniciar um programa de reprodução em cativeiro; 3) Capturar as águias das ilhas do Norte e recolocá-las em outros locais no continente; 4) Re-introduzir águias-pescadoras nas ilhas para desencorajar a vinda de novas águias-douradas. Eles também trabalharam na restauração do ecossistema eliminando os porcos selvagens da ilha de Santa Cruz.

O Park Service criou então um santuário e um programa de reprodução em cativeiro nas ilhas de São Miguel e Santa Rosa. Treze águias-douradas foram capturadas na ilha de Santa Cruz e realocadas no continente. Em 2004 uma dúzia de águias-pescadoras foi solta na ilha de Santa Cruz e outras seriam trazidas do Alasca.

Devido ao isolamento em cada uma das seis ilhas, as raposas tiveram processos evolutivos diferentes. Por esta razão foram classificadas também em seis subespécies diferentes: Urocyon littoralis littoralis (São Miguel), Urocyon littoralis catalinae (Santa Catalina), Urocyon littoralis clementae (São Clemente), Urocyon littoralis dickeyi (São Nicolas), Urocyon littoralis santacruzae (Santa Cruz) e Urocyon littoralis santarosae (Santa Rosa).

A forma como estas raposas vieram parar nestas ilhas permanece um mistério. Há várias teorias diferentes. Uma delas é que vieram do continente nadando ou em troncos flutuantes, numa época em que as ilhas estavam bem mais próximas do continente. É difícil crer que um animal simplesmente saia nadando do continente até chegar a uma ilha, ou venha "navegando" em um tronco de árvore, por isso a teoria de que foram trasidas de barco por nativos americanos é mais sensata. Outra teoria é que tenham vindo para a região em torno de 16.000 e 18.000 anos atrás durante a era do gelo, quando o continente e as ilhas foram unidas pelo oceano congelado.

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